segunda-feira, 5 de maio de 2008

Um brinde à amizade.




Um brinde à amizade.

Boris e eu acabamos de completar 8 anos juntos.

Quantos obstáculos enfrentados, quantas alegrias compartilhadas, quanto aprendizado... E quando me pedem para falar sobre a importância dele em minha vida. Uma palavra basta: AMIZADE.

Sim, a mesma que tornou possível a realização de tantos sonhos, de tantos projetos construídos e compartilhados com verdadeiros amigos. Amigos que mais do que incentivar a perseguição de um sonho tiveram amizade suficiente para darem o melhor de si e torná-los realidade.

Assim foi construído o Instituto IRIS, que nasceu do acreditar de muitos amigos e hoje transforma a vida de tantas pessoas. Assim está nascendo esse jornal. Com a fé de muitos amigos em que há muitas boas notícias para nos darem a energia suficiente para
produzirmos mais boas notícias.

E a primeira boa notícia que eu gostaria de dar é que as verdadeiras amizades existem e são capazes de construir um mundo muito melhor.

Thays Martinez

abril2008

Professor Francisco Lima

A arte na ponta dos dedos.

Reconhecidamente o desenho e o desenhar têm feito parte da história humana, tendo relevante papel no desenvolvimento e na cultura de nossa sociedade. Entretanto, essas atividades têm sido renegadas às pessoas cegas, impedindo-lhes o acesso e a manifestação do conhecimento gráfico.
A fim de se reverter essa história de exclusão, os pesquisadores Francisco J.Lima, da Universidade Federal de Pernambuco e José A. Da Silva, da Universidade São Paulo de Ribeirão Preto desenvolveram uma caneta ponteadora para produção de desenhos em relevo.

De baixo custo, bonita, prática e capaz de produzir alto relevo de excelente qualidade em papéis e acetato, facilmente encontrados no mercado, a caneta ponteadora permite a produção de desenho por e para pessoas com deficiência visual.
Simplesmente pressionando a caneta contra o papel, sobre um aparato de EVA composto de EPDM, a pessoa com deficiência visual pode produzir desenhos, mapas ou gráficos, acompanhando com uma mão o desenho que faz com a outra.
Recomendada principalmente como material didático e lúdico, esta caneta vem auxiliar profissionais de educação inclusiva no ensino de geometria, geografia, estatística, ou na ilustração de livros infantis para pessoas com deficiência visual.
Com a caneta ponteadora, crianças, jovens e adultos com deficiência visual terão a oportunidade de conhecer e explorar o mundo dos desenhos bidimensionais, tendo acesso a representações de prédios, igrejas, figuras de animais ou quaisquer outros objetos que antes só podiam imaginar, seja por estarem longe do alcance das mãos, seja por serem grandes demais, ou muito pequenos. A caneta vai resgatar a capacidade de expressar, representar objetos conhecidos ou imaginados, desenvolvendo e manifestando, assim, as habilidades artísticas e de criação, tão importantes para o desenvolvimento integral do ser humano.
Utilizada na estimulação de crianças com deficiência visual, a “caneta ponteadora” possibilita a educadores, pais e responsáveis por crianças um ensino mais lúdico, estimulando-lhes a criatividade, a imaginação e o tato.
E, importante : com orientação e treino, a caneta permitirá às pessoas com deficiência visual aprender a redigir o alfabeto em tinta, possibilitando-lhes receber ou deixar recados para pessoas que não sabem ler o braile.

Contatos e maiores informações
www.iris.org.br
Cei@ce.ufpe.br
limafj@usp.br
Jadsilva.ffcrp@usp.br

abril2008

Dra LINAMARA

Secretária acredita em gestão holística para garantir os direitos do cidadão com deficiência.

Linamara Rizzo Battistella,
Secretária estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência

Em março de 2008, o governador do estado de São Paulo, José Serra, criou uma nova secretaria para cuidar dos direitos da pessoa com deficiência, escolhendo para o cargo a médica Linamara Rizzo Battistella que tem grande familiaridade com a área.
Por mais de 20 anos ela esteve à frente da Divisão de Medicina de Reabilitação do Hospital das Clínicas, e atuou como docente de disciplinas relacionadas com o tema na Universidade São Paulo. Seu currículo envolve parcerias internacionais, participação em comitês e conselhos relacionados com temas da natureza desta pasta.
A maior contribuição que pretende com a nova atribuição é organizar a comunicação e intercâmbio de ações entre os diversos serviços públicos para que as políticas e projetos, que até já existem e estão sendo implantadas pela atual gestão, possam atender e melhorar a vida das pessoas com deficiência.
Para a Dra. Linamara, cada setor ou divisão de serviço dos órgãos públicos tem suas abrangências bem definidas que devem ser reforçadas: “a Educação deverá assumir-se mais inclusiva. A Saúde, sempre preventiva, mas agilizando a demanda por reabilitação . O Transporte gerando acessibilidade para atender vários segmentos - como por exemplo os idosos que tem muitas necessidades em comum com os deficientes”.
Um destaque das idéias que a Secretaria pretende desenvolver será um trabalho conjunto com os profissionais que projetam os centros de desenvolvimento habitacionais urbanos, os CDHU e insere-se num campo pouco praticamente inexistente nas construções de baixa renda no Brasil que é o da arquitetura inclusiva. “Algumas unidades dos apartamentos dos conjuntos habitacionais deverão ter plantas destinadas a pessoas com deficiência física” conta a secretaria. E para isso, serão dotados de um terceiro quarto ( o padrão atual é de dois ) . Detalhes como portas mais largas e banheiros adaptados trarão uma nova perspectiva nunca antes dimensionada de valorização da cidadania da pessoa com deficiência trazendo melhor qualidade de vida para toda a família.
Outra abordagem inédita que a Dra. Linamara pretende é eliminar a falta de conectividade e informação entre os transportes intermunicipais e estaduais, uma malha que gera problemas que são pouco conhecidos pela população como a fuga ou desaparecimento de menores cerca de 16% são deficientes. Estas crianças acabam sofrendo violências de toda espécie e o mais triste é que sequer são reclamados pelas próprias famílias.
Assim como os idosos têm um calendário especial para a vacinação atendendo suas necessidades específicas, outros segmentos serão reclassificados, como por exemplo os portadores de síndrome de Down que também terão datas diferenciadas, inclusive por faixa etária.
Também a mídia vai ser chamada a colaborar no sentido de aproveitar seu poder de difundir informação e passar a utilizar uma nomenclatura mais adequada para definir algumas condições que continuam recebendo termos inapropriados por falta de medidas normativas neste sentido.
Talvez a maior ambição da Dra. Linamara seja trazer para a Secretaria uma gestão de resultados inspirada no mundo corporativo. “Assim como as empresa privadas, vamos promover programas especiais de ajudas técnicas,
Financiamentos e assessorias especiais que interliguem os vários trabalhos que estejam sendo desenvolvidos de modo que tudo funcione num sistema mais integrado e eficiente”. Ao final dos processos, serão realizadas avaliações de resultados para certificação do cumprimento de metas de inclusão das pessoa com deficiência ou necessidades especiais.
O entusiasmo da Dra. Linamara fez com que cumprisse uma agenda congestionada em suas visitas diárias a VII edição da REATECH Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação que aconteceu de 24 a 27 de abril. Sempre mostrando disposição em suas palestras, a secretaria compartilhou e captou idéias neste com todos que tiveram a oportunidade de conviver neste espaço de novos produtos e serviços e que também atua como um importante fórum social.
abril2008

Leitura, um prazer ao alcance de todos.



Naziberto Lopes trabalhou como analista de sistemas de uma grande empresa até 1989, ano em que começou, progressivamente, a perder a visão. Foi um processo difícil de não-aceitação inicial, revolta; mas, aos poucos, Naziberto aprendeu que teria que aprender a ver o mundo de outra forma. Com a ajuda de amigos e familiares, passou pelo processo de reabilitação, inicialmente buscando profissionalização em um curso de massoterapia desenvolvido para pessoas com deficiência visual.
Especializou-se em quiroprática e foi ainda mais adiante: decidiu, aos 36 anos, realizar um antigo sonho: conhecer melhor a ciência da Psicologia. Ao entrar na Faculdade, no entanto, deparou-se com a completa e absoluta falta de livros acessíveis para pessoas com deficiência visual.
Foi então que sua luta pelo acesso universal à leitura teve início. E mais importante: de uma forma cidadã. Naziberto não limitou sua ação a obter benefícios individuais. Ampliou seus esforços em um movimento exemplar de responsabilidade social que culminou na regulamentação da Lei do livro (10753/2003) que garantirá a todas as pessoas com algum tipo de deficiência o livro em formato acessível.

IRIS - Houve um episódio que podemos considerar a gota d'água em relação a sua indignação pela ausência de livros acessíveis?
Naziberto - Acredito que sim. Penso que foi no exato momento em que o responsável pela biblioteca da universidade em que eu estudava veio dar uma palestra sobre o potencial da biblioteca daquela instituição. Eram cerca de um milhão e meio de livros à disposição, e como os alunos poderiam encontrar ali tudo que precisavam para ao estudos dos programas das disciplinas daquele semestre. Alunos sem deficiência visual, é claro .
IRIS - O que é o movimento pelo livro acessível?
Naziberto - É um movimento que agregou pessoas com e sem deficiências em torno do pleito pela democratização e universalização do acesso a todo e qualquer tipo de livro e leitura existentes em nosso país, uma vez que os livros, como são produzidos e apresentados hoje, deixam de fora dele uma significativa parcela social composta por pessoas com alguma deficiência que impossibilita ou incapacita o acesso ao livro em formato convencional, fixado em papel e impresso a tinta. Nosso movimento pleiteou a imediata produção de livros em formatos acessíveis para este imenso público. Todo livro publicado no Brasil deverá ser acessível para pessoas com deficiência, em formato digital, braille e áudio. E graças a Deus e à nossa mobilização, conseguimos!
IRIS - O que o levou a organizar o movimento pelo livro acessível?
Naziberto - A constatação de que não era apenas eu e os outros alunos com deficiência visual da universidade que estávamos alijados do livro e da leitura em virtude de nossa deficiência, assim como da deficiência do Governo e do mercado livreiro. Mas sim, um contingente muito maior de pessoas com outras deficiências que, como a visual, impedem ou dificultam a leitura dos livros em formato convencional. São pessoas com tetraplegia, amputadas de membros superiores, pessoas com dislexia, idosas, com baixa visão, com algum tipo de deficiência intelectual, até mesmo pessoas com Mal de Parkinson - pois imagine como deve ser complicado para uma pessoa com esse problema segurar um livro nas mãos trêmulas e focar a leitura? Enfim, percebi que a proporção da exclusão e da segregação era muito maior do que pensava minha vã filosofia. Por isso, procurei chamar a atenção dessas outras pessoas para que se juntassem a nós, deficientes visuais, nesta luta. E esse “chamamento” deu muito resultado, pois nosso movimento primou justamente pelo seu caráter eclético em termos de participação.
IRIS - Os resultados foram relevantes e relativamente rápidos. Que fatores levaram ao sucesso da ação?
Naziberto - Penso que foi justamente essa sinergia de forças e desejos de todos em dar um basta na situação de exclusão cultural em que vivíamos. Foi esta vontade de lutar por cidadania, pelo direito de podermos escolher, pelo mais completo e absoluto repúdio para com uma vontade incontrolável de determinadas instituições assistenciais que teimavam, e ainda teimam, em submeter a todas as pessoas com deficiência a uma tutela execrável e que não tem mais lugar nos dias atuais. Não queremos ler aquilo que nossos pretensos “tutores” permitem ou escolhem para nós, queremos autonomia, independência e liberdade de escolha.
IRIS - Sua ação é um exemplo de cidadania e se destaca pelo fato de ser uma ação não institucional. O que você tem a dizer para que as pessoas transformem suas indignações em ações de transformação?
Naziberto - Que as pessoas acreditem que é possível transformar o Mundo. Existe na Psicologia uma piada que criamos e que se chama síndrome de Gabriela. É quando percebemos uma pessoa que acredita que ela nasceu assim, cresceu assim e vai ser sempre assim. Quer dizer, não tem jeito, ela acredita que as coisas são imutáveis, cristalizadas, eternas, estáticas. E para que se possa causar qualquer tipo de transformação social é necessário acreditar muito naquilo que você defende, ter muita disposição para continuar sempre e energia para suar a camisa em busca de outras pessoas que acreditem também naquilo. Não é fácil, justamente porque o mais fácil é desistir, é não fazer nada, é deixar tudo como está. O mais fácil é ser mesmo “Gabriela”.
IRIS - Quais os principais pontos de dificuldade?
Naziberto - Por mais incrível que pareça a maior dificuldade é justamente tentar convencer os seus próprios pares. Convencer as outras pessoas que não passam pelo mesmo problema é fácil, pois elas são solidárias ao seu sofrimento. Já para convencer as pessoas que passam pelo mesmo problema que o seu é mais complicado. Primeiro porque muitas delas já assumiram o papel de “Gabriela” e não acreditam que é possível fazer nada a respeito. Segundo porque uma boa parte dos pares são pessoas extremamente orgulhosas, e não acham que movimentos como o que nós levamos adiante surtam algum resultado. Por isso, muitas vezes, fui apelidado de arruaceiro, panfletário, batedor de panelas, entre outros rótulos que tentaram colar em mim. Estas pessoas diziam que somente o diálogo de alto nível deveria ser tentado. Como discordava disso, iniciei gritando nas ruas, batendo panelas, chamando os colegas, os amigos, os vizinhos, enfim, começamos fazendo barulho, até que o barulho se tornou tão alto e ensurdecedor que o Governo acordou para o problema e fomos chamados, ai sim, para o tal diálogo de alto nível. E demonstramos com isso que com inteligência é possível fazer as duas coisas, gritar alto e também falar manso.
IRIS - Como você se sente hoje com os resultados obtidos? O que você aprendeu com essa ação?
Naziberto - Me sinto orgulhoso pelo resultado. Mais orgulhoso ainda pela mobilização nacional que conseguimos desencadear. As diversas listas que recebíamos pelos correios com folhas e mais folhas de papel assinadas, as caixas de e mails que não davam conta de receber tanto apoio, as mensagens de boa sorte, de força e de motivação. Tudo isso foi realmente uma demonstração de civismo maravilhosa de todas as pessoas que contribuíram para o sucesso deste movimento. E com ele posso dizer que aprendi a ter mais confiança na garra e na perseverança do povo brasileiro, afinal, eu era um pouco cético a esse respeito. Sinceramente tive que rever, com muito prazer, aliás, meus conceitos a este respeito.
A propósito, finalizando, gostaria de avisar a todos que em breve estarei inaugurando o meu site que dentre outras lutas vai trazer esta do livro acessível contada desde o seu início até nossa conquista final. Lá também está a publicação do Decreto com o texto acordado entre nós do MOLLA Movimento pelo Livro e Leitura Acessíveis no Brasil e os editores brasileiros. Aguardem que o site está ficando realmente muito legal.

O SONHO DE UM LIDER !


José Otávio vai além de manter o projeto. Ele quer contagiar o Brasil com a idéia.

José Otávio dos Santos Pinto sempre gostou de cães. Quando ainda era menino, em Porto Alegre, sonhava em ter um cachorro. Mas a mãe preferia os gatos. Já adulto, teve vários cachorros. Mas não imaginava que muitos anos depois, estaria mesmo era realizando o sonho de outras pessoas terem os seus próprios cães.
A modéstia e a simplicidade de José Otávio – ( foi difícil convencê-lo a dar este depoimento ) – só rivalizam com outra de suas múltiplas qualidades: a generosidade. Dono de um cartório em São Paulo, ele é um dos maiores apoiadores da causa do IRIS e responsável por grande parte da manutenção dos trabalhos já que o instituto, mesmo contando com um grande número de voluntários, como toda instituição tem compromissos e precisa manter uma agenda de atividades funcionando para que obtenha resultados positivos.
Foi recentemente e quase por acaso que José Otávio encontrou o IRIS. “Nesta fase da vida, estava mesmo em busca de um projeto social em que pudesse me dedicar a algo que unisse meu entusiasmo por algo que gosto – no caso foram os cachorros - e ao mesmo tempo beneficiar pessoas que precisassem de apoio para suprir alguma necessidade especial”.
Desde 2006, José Otávio acompanha de perto as atividades do IRIS e faz parte da diretoria contribuindo com sua experiência e principalmente com sua sensibilidade para a evolução do instituto. Atualmente encontra-se afastado “Apenas geograficamente” faz questão de ressaltar, porque se mudou para a cidade do Rio de Janeiro.
Mesmo longe, continua contribuindo com idéias. José Otávio acredita nas parcerias com empresas e é incansável pesquisador de exemplos inspiradores. Comenta, por exemplo, que na Espanha, a causa dos cães guia conta com um sólido apoio do governo através da família real espanhola que tem um membro que recebe cuidados especiais nesta área da visão. E com isto, a mobilização ganhou apoio e suporte econômico das maiores empresas espanholas“Mas não podemos ficar esperando que o problema ganhe atenção e interesse por causa de alguém famoso ou que o destino nos toque diretamente para começar a agir”, afirma.
Este gaúcho que “já andou muito por aí”, não quis falar de sua própria trajetória. O que o anima mesmo é falar de suas expectativas para o crescimento do IRIS que ele gostaria que fosse uma rede de extensão nacional, presente em todo o Brasil. Mas lamenta que iniciativas deste tipo no Brasil nem sempre encontram o apoio para seu prosseguimento. “O cão-guia ainda é visto por muitas pessoas desinformadas apenas como um luxo”. E conta que, quando acompanhava algumas negociações de parcerias, tentava derrubar esta idéia que muitos consideram equivocadamente elitista. “Sempre acreditei” continua José Otávio “que esta era uma causa que deveria contaminar todo mundo com seu apelo otimista. Quem convive com as pessoas que têm cães guia sabe o quanto eles trazem de benefício não só para o próprio usuário mas para quem está ao redor. Todos ficam alegres, felizes na presença de um cão assim. Não há lugar para lamentação, nem tristeza. Só admiração”.


abril2008

APOIO



É bem mais fácil do que parece.




Superintendente de RH do Banco Real mostra caminhos práticos para a inclusão.

Na entrada no novo milênio, raras empresas ainda não entenderam a importância de se manter um diálogo aberto com a sociedade. Que o discurso de aproximação com os cidadãos comuns e o estreitamento de laços com a comunidade, consumidores e parceiros deve fazer parte dos valores das companhias comprometidas com a responsabilidade social, isto é bem sabido. A parte difícil está em tornar este discurso realidade do dia a dia e transformar ideais em ações práticas que tragam benefícios para todos, inclusive a própria empresa.
Acolher e apoiar a diversidade é uma destas questões complexas que está exigindo um trabalho dobrado para as companhias por duas razões bem distintas : a primeira, é a preocupação com a legislação que exige a contratação de uma porcentagem de funcionários com deficiência para o cumprimento de cotas estabelecidas. Na tentativa de uma solução rápida apenas para se “livrar do problema”, algumas empresas mal orientadas apenas fazem isso mesmo: empregam, e depois não sabem o que fazer com o funcionário. Não criam condições de trabalho e caminham na direção contrária do verdadeiro sentido desta iniciativa que deveria ser a inclusão social e a promoção da diversidade nos ambientes de trabalho. A segunda preocupação, para quem quer fazer a coisa bem feita é: como ?
O Banco Real abriu este diálogo em 2001, época em que contava com apenas 42 pessoas portadoras de algum tipo de deficiência. Em 2008, este número subiu para surpreendentes 1300 funcionários, mais de 90% da meta e em algumas unidades em vários estados já se atingiu 100%. A motivação para chegar a estes índices não foi apenas atender à questão mandatória. “Bem antes disso - conta a superintendente de recursos humanos do banco, Maria Cristina Carvalho - já havia uma preocupação em equilibrar as equipes com as presenças de indivíduos de diversas etnias, gêneros, culturas e idéias, idades, trajetórias, conectando assim com o posicionamento de valores do próprio banco que sempre buscou respeito e integridade como valores fundamentais dentro da organização”.
O verdadeiro trabalho então não era contratar estas pessoas e sim estabelecer um processo de comunicação e sensibilização do público interno, os funcionários, que precisaram aprender a mudar de atitude e entender como funciona o outro lado de quem esteve sempre vulnerável e em desvantagem e agora compartilhava o ambiente de trabalho em condições de igualdade.
E isto não poderia ser feito apenas com a introdução de cartilhas que até atenderam algumas noções de posturas e tratamentos, inclusive para os clientes externos
O que se pode sugerir para empresas que estejam nesta busca pela inclusão, é que este é um desafio que só se conquista e supera, num primeiro momento, com ações afirmativas envolvendo todos os processos da instituição, sejam com o público , fornecedores, interação dos núcleos internos:

- Com certeza a educação gera um resultado permanente e de mais longo prazo, veja por exemplo os adolescentes e sua preocupação com o meio ambiente como nunca se viu nas gerações anteriores de forma tão disseminada.

- Palestras também são um recurso importante. Mas o contato direto entre membros de equipes, por exemplo, gestor e estagiário, estimula o aprendizado para ambos desenvolvendo inovação e criatividade, embora sejam resultados mais consistentes no longo prazo.

- Adaptações são necessárias, o que deve ser entendido como conciliação e apoio para escolhas e interesses do usuário e da empresa, e não apenas imposições de cima para baixo ou mero cumprimento de regras.

- As discussões para sugestões e idéias sobre os assuntos de diversidade, acessibilidade, outros. não precisam ficar restritas aos envolvidos diretamente. Há pessoas interessadas que podem trazer contribuições para a área. Sugestões podem e devem ser acolhidas também junto ao público externo.

- Flexibilizar exigências na hora da contratação amplia o acesso

- Facilitar meios para a formação de potenciais talentos.

- Buscá-los ainda em sua fase de início de carreira, quando a universidade e até o campo de futura atuação profissional ainda não foi escolhido pode ser mais interessante do que tentar captar alguém já pronto. Estes últimos são raros, caros, disputados no mercado e nem sempre correspondem ao perfil desejável. O Banco Real disponibiliza bolsas de estudo para estudantes estagiários com ou sem deficiência.

- Criar linhas de crédito especiais para a aquisição de equipamento ou financiamento de serviços para melhorar a mobilidade de pessoas que precisam de carros adaptados, ou nos caso de dificuldades de visão ou outras, uma melhor interação com as novas tecnologias.

Não são medidas impossíveis, interesse, atenção, olhar ao redor, sensibilidade, são as melhores regras para aprender a fazer e até, às vezes, não fazer. Boa parte das pessoas ainda precisa aprender a conviver com a diversidade. Muitas desconhecem até mesmo como deve se comportar na presença de alguém com deficiência. E a solução é bem mais simples do que parece.
“Nessas horas”, lembra Maria Cristina, “sempre me lembro das palavras de Thays Martinez, atualmente presidente do IRIS e que já trabalhou no Banco Real: “Se não sabe, pergunte” . E nós aprendemos muito com ela e com o Bóris.

abril2008

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Moisés: o melhor amigo dos cães.

A inspiração e o trabalho de um grande mestre.

Moisés Vieira dos Santos Júnior é um dos raros brasileiros capacitados a treinar cães guias e instruir usuários. Se considerarmos a formação reconhecida pela Federação Internacional de Escolas de Cães Guias, além dele temos apenas mais um profissional com essa credencial no Brasil, Lester Chraim, que também atuou no IRIS, uma instituição que realiza o trabalho de divulgar, capacitar e promover o acesso totalmente subsidiado a este companheiro fiel, um verdadeiro instrumento de integração e liberdade para a pessoa com deficiência visual: o cão guia.
Economista de formação, Moisés sempre foi ávido por novas experiências e em meados dos anos 90, não hesitou em abandonar o Brasil e um promissor emprego na área de comércio exterior para conhecer novas fronteiras e outros países. O que não podia imaginar é que estava indo ao encontro de seu destino e que transformaria a vida de tantas pessoas que se encantam com sua natural vocação, reconhecida por todos os usuários por ele atendidos e por profissionais de diversos países.

Em 1995, quando morava em Londres, tive o meu primeiro contato com os cães guias. Havia um casal de usuários que passava todos os dias em frente a minha casa a caminho de um parque onde soltavam seus cães para correr. Tinha também um rapaz que, pelo que eu pude entender na época, socializava um filhote na redondeza. Desde então fiquei interessado pelo assunto. Quando comecei a trabalhar no centro de Londres pegava metrô sempre no mesmo horário em que viajava um outro usuário de cão guia. Passei a admirar o comportamento do cão e ficava observando o time (usuário e cão guia) quando deixavam o metrô dirigindo-se à saída da estação. Não deixava de pensar que isso poderia acontecer no Brasil também.
Meu interesse foi tão grande que tentei por duas vezes obter um estágio ou um emprego junto à escola inglesa de cães guias, porém, não obtive sucesso por questões relativas ao visto.
Também me chamava a tenção o fato de sempre haver nos jornais anúncios da escola pedindo doações e sensibilizando a população para a causa
Ao observar os times de graduados (cão guia/usuário) na Inglaterra, não tinha a menor idéia da complexidade daquele trabalho. Sempre admirava os cães e achava realmente incrível que aquilo fosse possível. Sequer passava pela minha cabeça o grau de complexidade do processo em uma aparentemente simples caminhada pelas ruas e transportes públicos. Devo dizer que minha ignorância era tanta que achava que o cão era um super cão e que a história começava e terminava neste ponto. Imaginava a importância do treinamento mas não que este era apenas uma parcela pequena do resultado final. Outros fatores também contribuíam para o sucesso do time.
Minha experiência anterior era muito rudimentar. Somente um curso de obediência com meus pastores, pois sempre gostei muito de cães. Aliás, foi essa minha motivação inicial. As pessoas que entram nesse ramo geralmente têm um histórico similar. Seja um envolvimento com trabalho voluntário, algum amigo ou familiar com deficiência visual. No meu caso nunca tive tal vínculo ou chamado. Trabalhava na área financeira, comércio internacional e quando achei que precisava de uma mudança apenas viajei para o exterior. Mas quando vi um cão guia trabalhando soube que queria fazer isso e pronto.
Ainda em Londres fiz amizade com uma neozelandesa. Quando voltamos para os nossos países, no início de 96, combinamos de manter contato. Já em fevereiro recebo dela uma ótima notícia: estavam em processo de seleção para o curso de formação de instrutor lá na Nova Zelândia, e gostariam que fosse um brasileiro.
Amigos de amigos formaram uma rede e cheguei ao dr. Augusto Gonzaga, um médico brasileiro que estava organizando a seleção no Brasil. Fui aprovado em março ou abril e em maio iniciei meu curso de instrutor.
Poucas pessoas entendem a diferença entre ser um treinador e um instrutor. A profissão ainda não é regulamentada no Brasil e representa grande dificuldade para os órgão governamentais que pretendem estabelecer critérios para determinar quem está habilitado a desenvolver esse tipo de atividade.
Resumidamente, o treinador é aquele capacitado a treinar cão guia e o instrutor pode, além disso, também instruir o usuário com deficiência visual.
Em quase todo o mundo as escolas de cães guias formam seus próprios profissionais. A Escola da Nova Zelândia é exceção, pois aceita formar instrutores estrangeiros.
Cada escola tem suas peculiaridades em relação ao treinamento dos cães e à formação dos profissionais. Em média o curso de treinador tem duração de 2 anos e o de instrutor de 3 a 4 anos.
Mais do que conhecer o universo canino, é fundamental para aqueles que pretendem treinar cães guias que entendam o universo da pessoa com deficiência visual, como suas referências espaciais e métodos que utiliza para fazer a leitura dos ambientes.
O profissional também precisa ter boas noções a respeito dos diferentes graus de eventual resíduo visual que o futuro usuário tenha, por exemplo. Pois esse fator é determinante para identificar o tipo de ajuda que o cão prestará àquela pessoa. Saber identificar o perfil do usuário é outro ponto de extrema relevância, uma vez que mais de 60 características são consideradas no momento de se definir qual cão é adequado para cada candidato.

Moisés aponta a dificuldade de captação de recursos no Brasil como uma das maiores barreiras para que mais pessoas tenham acesso à qualidade de vida que um cão guia pode trazer. E destaca que a maior motivação certamente não está apenas no que diz respeito à mobilidade e independência que o usuário adquire. No pacote também vem o bônus do ganho social. O cão é um amigo que ajuda a fazer amigos.

abril2008

O mundo também precisa de beleza, alegria e arte.

O envolvimento das corporações nas causas sociais busca sempre atender primeiro e urgentemente às necessidades mais básicas e que permitam ao ser humano resgatar sua dignidade. O passo seguinte é sua inclusão social para que a partir disso possa caminhar em condição de igualdade como um cidadão integrado à comunidade, contribuindo para o aprimoramento da sociedade a que pertence.
Foi este o ideal da Nestlé quando apresentou o espetáculo “Somos Todos Brasileiros” na cerimônia de abertura dos jogos Paraolímpicos, o evento que sucedeu as Olimpíadas Panamericanas de 2007 do Rio de Janeiro. O projeto, idealizado e dirigido pelo ator e também artista e divulgador da arte circense no Brasil Marcos Frota contou com a presença de aprendizes da Universidade Livre, acrobatas com deficiência e também outras instituições que também realizam um trabalho de inclusão social como a Cia de Balé de Cegos Fernanda Bianchini, o Grupo de Para-atletas radicais , o Coral de Surdos Somos Todos Iguais. Outras entidades que se destacam no cenário musical brasileiro como a Orquestra Bachiana Jovem e a Orquestra Filarmônica de São Paulo uniram-se à banda pop Paralamas do Sucesso e à bateria da Escola de Samba Acadêmicos da Grande Rio com a missão de apresentar a capacidade de união de todas as tendências, cores, sotaques, formas, capacidades e habilidades que formam o povo brasileiro.
A apresentação reuniu um público de 10 mil pessoas. A Nestlé pretende repetir o apoio a iniciativas como esta que vão ao encontro das crenças e atitudes cultivadas pela em companhia, tanto no Brasil como em todos os países do mundo onde atua, sempre compartilhando a crença na responsabilidade social que deve nortear os negócios de qualquer empresa que almeja valores duradouros:
“O respeito pela diversidade humana garante valores de longo prazo que são o legado maior de qualquer negócio que pretenda sobreviver na atual sociedade”, afirma Izael Sinem, diretor de comunicação e serviços de marketing da Nestlé do Brasil.

abril-2008

CONTATO: